quinta-feira, novembro 24, 2011

Parabéns, meu exagerado!

As pessoas entram e saem das nossas vidas diariamente. Às vezes as passagens são tão rápidas que nem percebemos que aconteceu.
O fato é que todo mundo que passa pela vida de outra pessoa deixa marcas, sejam elas boas ou ruins.
Mas hoje queria falar de uma dessas marcas em especial.
É uma marca bem magrinha, com um sorriso tão grande que mal cabe no rosto.
Mas quem acha que o corpo magro e alto, por vezes desengonçado, é frágil, se engana. É uma das pessoas mais fortes que já conheci.
Fazem apenas quatro anos que somos amigos, mas digo com toda certeza que ele me conhece como se tivéssemos nos conhecidos na maternidade.
Ele é exagerado. Ele é a tradução do que a palavra amizade quer dizer, e nos últimos dias é a tradução do que quer dizer saudade.
Ele é exagerado porque ama demais, chora demais, ri demais, é sagitariano e vive a vida demais.
Hoje ele faz aniversário, e o mínimo que eu posso fazer para retribuir essa marca que ele deixou na minha vida é escrever.
Meu querido Ivan, que seus 22 anos sejam muito melhores que os 21. Sem tcc para fazer, sem amigos partindo, com paciência, com amigos novos, com marcas novas em sua vida.
O sucesso eu nem preciso desejar a você, porque você é um sucesso. Eu torço para que você seja feliz todos os dias, para poder iluminar todo mundo com esse sorriso que mal cabe em você.
Obrigada pelos quatro anos de amizade e espero que continuem por mais uns 100.
Obrigada pelos conselhos, telefonemas, trabalhos acadêmicos, mas principalmente, pela paciência e pela força quando eu mais precisei.
Se brigamos e nos afastamos algumas vezes, fez parte. O que importa é que te carregarei pra sempre na lembrança e no coração.
Ivanzinho, PARABÉNS! Eu amo você AMIGO!

sábado, outubro 15, 2011

No dia dos professores, façam silêncio!

O facebook é o novo Procon. Esta semana vi uma matéria no Jornal do SBT que dizia que os consumidores apostavam mais nas reclamações via internet que no próprio órgão de defesa do consumidor.

O fato é que não só de reclamações vivem as redes sociais. Elas sobrevivem também de campanhas, mobilizações, correntes e brincadeiras. E em 15 de outubro, nada mais justo que homenagear os professores.

Se você lê este texto agora é porque um professor te ensinou, se você calcula seu salário ao fim do mês também é porque um professor ensinou. Se você faz qualquer coisa na vida é porque professores existem.

Médicos, engenheiros, advogados, jornalistas, nutricionistas, psicólogos, analistas de sistemas, arquitetos, todos, todos tiveram professores.

Mas a minha homenagem vai além de parabenizar a profissão. A minha intenção é tocar os alunos. Todos nós fomos alunos, alguns ainda somos, mas nunca paramos para pensar o quanto as nossas atitudes podem refletir na vida de um ser humano. Sim! Professores são humanos, por mais difícil que seja acreditar.

Para exemplificar o que digo, contarei uma breve história que aconteceu no meu 1º ano de faculdade. Durante a última prova, uma garota se virou para a amiga e disse: "Eu estou de exame mesmo, não aprendi nada o ano inteiro". Com certeza a aluna estava em uma situação difícil, passaria por mais uma prova, para conseguir avançar o ciclo. Porém, ponhamo-nos no lugar do educador. A tarefa dele é ensinar, e neste momento ele não conseguiu. É no mínimo frustrante.

Mas nesse caso que citei, a culpa certamente não foi da professora. Ela explicava didaticamente seu conteúdo, repetia quantas vezes se fizessem necessárias. A culpa era, sim, dos alunos. Pois nós, alunos, acreditamos que os professores são bobos e não conhecem nossas artimanhas. Ledo engano, antes de professores, eles também foram alunos.

Não sei se me faço clara, o que quero dizer que antes de culparmos os professores, a má-educação do país, a falta de empenho deles, devíamos olhar para dentro. Você respeita seu professor?

Se você respondeu sim, eu duvido de você. Pois todo mundo já teve conversa paralela, reclamou de trabalhos e provas e talvez até tenha brigado com algum deles.

Eu venho defende-los então, e pedir que apenas façam silêncio quando eles falam. Sei que é difícil, eu mesma sou a que mais fala durante as aulas. Mas, por ser filha de uma professora, dessas que não se vê mais, sei que o presente mais precioso que podemos dar a um professor é o silêncio.

Então, nesse 15 de outubro, peço que ao invés de dar esses parabéns hipócritas no facebook,  façam silêncio nas aulas. Respeitem quem dedica sua vida ao ensino.



PS: Dedico esse texto a minha melhor professora, aquela que me ensina desde o momento em que eu nasci, a quem não aguenta ouvir minha voz aos finais de semana porque os alunos dela já falaram demais durante a semana. Mãe, eu entendo quando você quer só ficar em silêncio. Você é, de longe, a melhor professora que eu conheço e eu tenho muito orgulho da sua profissão. Desculpa, mas sou jornalista e falo demais. Te amo!

sexta-feira, julho 15, 2011

As 7 maravilhas da leitura


Muita gente critica os filmes de Harry Potter, é um direito. Cada um lê e escreve o que quer. É a chamada "Liberdade de Expressão".

O fato é que se você analisar a saga apenas como a história de um bruxinho que vive num mundo mágico e tem que lutar contra um vilão, realmente, a história já é mais que manjada.

Outro fato é que Harry Potter não é um livro a ser analisado apenas por seu roteiro, e sim pelo que ele trouxe aos jovens (e muitos adultos) nesses mais de 10 anos.

Quem assistiu apenas aos filmes, sem ler os livros, talvez se impressione com a riqueza nos detalhes das imagens e efeitos especiais. Porém, os que leram os livros se impressionam muito mais ao se deparar com a beleza que a autora cria na mente do leitor, usando apenas palavras.

Toda vez que algum livro é transformado em filme, os críticos e o público declaram: "O livro é muito melhor". Pois então, a importância de Harry Potter para mim reside aí. Em um "livro muito melhor".

Harry Potter vai além de sete livros e oito filmes. Harry foi o incentivo para muitas crianças aprenderem o gosto pela leitura. Foi o bruxinho que fez com que muitas crianças pedissem um livro no Natal em vez de brinquedos.
Desde 1997, os jovens ao redor do mundo descobriram na leitura um prazer, um mundo encantado onde o herói também é criança, tem medo e amigos. Harry Potter, então, se tornou amigo da garotada.

Eu sou parte da "Geração Harry Potter", sou uma fã contida, assisto aos filmes e leio livros. Nunca me vesti como os personagens, nem passei horas nas filas. Mas não critico quem os faz. Eu prefiro mil vezes jovens e até os adultos que passam horas na fila do cinema para viajar no mundo de Hogwarts, aos jovens que se perdem em fantasias causadas por narcóticos, seja eles de que natureza forem.

Assumo minha Pottermania, e assumo que prefiro viver essa fantasia do cinema e da literatura.
No mais, agradeço a J.K. Rowling por escrever essas 7 maravilhas da leitura.

quinta-feira, junho 02, 2011

Parabéns para a minha metade

Deus tinha dois corpos e uma alma. Ele tinha errado na conta, precisava mandar os dois corpos para a Terra e não dava tempo de produzir outra alma. Ele achou que poderia dividir aquela e deixar os corpos perto um do outro para que se completassem.


Um corpinho, ele fez nascer a 2 de junho de 1989, o outro ele esperou até 9 de dezembro do mesmo ano.

Por alguns motivos, o primeiro corpinho foi parar na Bahia, e o Sol de lá iluminou os cabelos e o mar deu cor aos olhos do corpinho.

Seis meses depois, nasceu o outro corpinho, em São Paulo e a atmosfera de lá coloriu seus cabelos e olhos castanhos.

Os corpinhos não eram nada parecidos, e demoraram oito anos para se encontrar.

Mas como que soubessem, encontraram a metade da alma que lhes faltavam.

Desde então, o que um corpinho sente, o outro pressente.


O que um sofre, o outro chora.


O que um ri, o outro gargalha.

Os caminhos, andam juntos, mesmo que por vias separadas.

As felicidades ficaram duplicadas, as tristezas divididas.

Os corpinhos se tornaram as melhores amigas que Deus já tinha feito. E Ele percebeu que a ideia de dividir as almas tinha dado certo.

Hoje é aniversário do primeiro corpinho, do corpinho bom de matemática.

Em dezembro é do segundo corpinho, do corpinho bom de português.

Hoje é dia de desejar pro corpinho onde habita a metade da minha alma, todas as felicidades, todo o amor, o sucesso, a saúde e tudo o que o mundo pode oferecer pra alguém.

EI, corpinho Rafa! O "corpinho" Manu te ama.

Parabéns!

Que o dia seja repleto de alegrias, mesmo que faltando a metade da sua alma que tá aqui comigo.

Um beijo enorme, da irmã que você escolheu pra ser sua.



PS: Sim, fui eu que escrevi. Quem quiser copiar, por favor dê meus créditos.

quarta-feira, maio 25, 2011

Falta sentido no amor...

Estão lançando uma promoção no jornal onde trabalho para o Dia dos Namorados. Para participar basta mandar sua linda história de amor para o e-mail e concorrer a um jantar...
Até aí, nenhuma novidade. Todo ano o comércio e veículos de comunicação lançam promoções para a data. 
O fato é que eu me peguei pensando: "Se eu fosse concorrer, como eu contaria minha história?" 
Vejamos, comecemos do começo...
Ah! Ok! Minha história não tem um início...pelo menos eu não sei ao certo quando foi que nos apaixonamos.
O que eu poderia contar é que nos conhecemos há cerca de dois anos, ele na dele, e eu na minha...
Nos conhecemos no cinema, eu acompanhada e ele tentando uma companhia ...
Desde então, nos encontrávamos em eventos do trabalho dele, os quais eu sempre estava presente por motivos que não vem mais ao caso.
Há quase três meses a amizade foi crescendo, ele virou uma companhia excelente para o cinema, internet, shows...
E, de repente, ele me roubou um beijo na porta do cinema e nunca mais quisemos parar.
Confesso que no começo era tudo mais estranho, ele era quem é. Eu sou quem eu era.
Eu tentei fugir, dar uma de superior, esnobei e cai em mim. 
Senti a falta que sua companhia me faz.
Ele quis namorar, eu aceitei. 
Passaram dois segundos, desisti.
Tudo bem. Ele tem paciência.
Outra tentativa.
OK! Aceito!
Logo no dia seguinte um anel.
 "Ahhh, que lindo amor".
Não faz, nunca fez e nem nunca fará sentido.
Mas o amor nem sempre faz sentido.
Muito menos segue protocolos. Tudo acontece como tem de acontecer. Se foi rápido ou precipitado eu não sei.
E o que importa?
A vocês nada.
Desculpo-me se não há clareza nas minhas ideias, elas surgem repetidamente e eu não as coloco em ordem.
Eu não quero ordem, quero o impulso e a liberdade que só o amor traz.
Amor, obrigada por todos os dias felizes. Os que foram, são e virão.

sábado, março 19, 2011

O valor de uma amizade

Chego em casa por volta da meia noite, na maioria dos dias. A rua está sempre vazia, um ou outro anda de bicicleta, outros fumam um cigarro na calçada.


A rua dos Jacarandás já não é a mesma há anos, pelo menos uns dez anos. Há dez anos essa rua era só alegria. Durante a semana todos íamos para a aula, almoçávamos e saíamos loucos para a rua para brincar.

Aos domingos, nós não víamos a hora de formar a "rodinha", os pais da garotada comiam uns petiscos e tomavam uma gelada. As mães conversavam na cozinha de alguma delas e as crianças correndo, gritando, cantando, jogando bola...

Na verdade essa história começa há 13 anos para ser mais exata. Em julho de 1998, um homem alto e robusto, para não dizer barrigudo, de olhos muito verdes aparece procurando uma casa. Dentro do carro uma pré-adolescente rebelde ouvindo música nem deu bola para a menina gordinha que saia no portão louca para brincar com a nova amiguinha chegava.

A amiguinha era dona de olhos tão verdes quanto os do rapaz, magra de dar inveja, os cabelos enrolados faziam moldura no rosto que parecia tão amigo.

As duas ficaram tímidas de início, se escondiam atrás dos pais que falavam de imóveis, qualidade de vida, futebol e vai saber mais o que.

Me lembro como se fosse hoje, a chuva era fina mas não fazia frio, elas começaram a conversar e imaginar como seria quando elas fossem vizinhas e teriam muito tempo para brincar.

Seis meses se passaram até que ela viesse para a casa nova e virássemos amigas. Sendo bem sincera, éramos colegas, brigávamos mais que irmãs. Eu queria brincar de boneca, ela de Barbie. Talvez isso já revelasse minha vontade de ser mãe um dia, e a vaidade que ela tem até hoje.

Ela queria jogos de tabuleiro, eu queria computador. Nunca entrávamos em consenso. Lembro de inúmeras brigas por causa de escola.

Assumo que eu era um pouco convencida por estudar em colégio particular e cheguei a querer humilhá-la por isso. Fui um fracasso. Ela sempre foi tão inteligente que não me dava espaço. E ainda fazia uma carinha de anjo que fazia todas as crianças ficarem do lado dela.
 
O fato é que com todas as brigas infantis e sem nexo nasceu entre nós uma amizade da qual nunca nos libertaremos.


Ela ficou pouco tempo morando na casa da frente. Era tão bom atravessar a rua e berrar seu nome. "Rafaeeeeela, vamo brincar?"

Havia outras crianças na rua, mas era só ela que me importava. Só me divertia se ela estivesse brincando comigo.

Eu não me lembro se chorei quando ela mudou novamente para São Paulo. Mas sei que dentro de mim faltava alguma coisa, faltava a minha amiga.

No início mandávamos cartas, e falávamos pelo extinto ICQ. Mas, apesar do que diziam todos em volta, nossa amizade nunca esfriou. Pelo contrário, a cada dia o respeito e a admiração que uma tem pela outra só cresce.

Vez ou outra nos metemos numas viagens malucas, como quando fomos ao Rio de Janeiro sem planejar. Com um simples telefonema já estávamos em Copacabana, curtindo a melhor viagem que as duas já tinham feito. Ou até mesmo andando pelo meio do Sertão de Cambury, pegando carona com uns surfistas.

São 13 anos de amizade, de confidências, de cumplicidade, respeito, amor. São 13 anos de agradecimentos a Deus por eu ter conhecido alguém tão maravilhosa com quem eu posso compartilhar tudo.

Há quem diga que isso é piegas, chato, ou até diga que eu sou do "lado de lá". Mas certamente essas pessoas não conhecem o valor de uma amizade como essa. Que ultrapassa os limites impostos pela falta de sangue e nos torna irmãs por opção.



Te amo minha amiga, minha irmã, minha Rafa.
 
 

segunda-feira, março 07, 2011

Sobre ele*

Ele é o tipo de pessoa que jamais passaria despercebida pelos meus olhos. Olhos esses que têm um gosto irremediável pelo estranho, excêntrico, inédito...

Pois foi assim. De maneira inédita que tudo começou. Uma reunião entre amigos e uns desconhecidos, empenhados em alegrar alguém que havia acabado de sair de uma relação estranha, de maneira estranha.

Enquanto éramos apenas dois estranhos, eu apenas sabia rir dos absurdos que o álcool o fazia falar. Não fazia sentido porque um ser usava aqueles subterfúgios pra esconder o que era.

A segunda vez que nos vimos foi mais distante, havia um aniversário a ser comemorado, não tinha tempo para conversar melhor, mas os olhos..ah esses perseguiam a excentricidade daquele que mais chamava atenção na festa.

Certa hora, a cara de mau foi caindo, e desabou-se em sono...um sono profundo...o qual admirei ficar olhando..pensando em mil maneiras de descobrir os segredos da figura curiosa.

A internet fez as vezes de detetive e me trouxe informações que deixariam qualquer garota surpresa. Como podia um homem gostar tanto do que eu gosto? Como pode conhecer tais músicas, assistir tais filmes? Ele se parecia mais comigo mesmo a cada frase que conversávamos. O gosto musical era deveras parecido, os assuntos intermináveis e a vontade de ter por perto só fazia crescer.

A terceira vez que nos vimos foi marcada por aventuras, cheiros, toques, sabores...finalmente o beijo pelo qual esperei dias...o beijo que me libertaria da condição em que me sentia...O beijo era sinônimo de sucesso. Sim, havia mais alguém no mundo que me olhava como mulher e não só mais uma amiga no meio de tantas outras.

Pois bem, nesse instante o mascarado (num bom sentido), surgiu como o salvador. Alguém que libertaria uma alma que vagava em busca de um novo sentido para existir. Uma alma apressada que não mede as consequências de se envolver com pessoas que fogem do que são...

Enquanto estavam em casa faziam do computador o instrumento para aproximar pensamentos já tão próximos. As madrugadas de verão se tornaram em bate-papos cheios de ideias, vontades e até confissões. Parecia que se conheciam há décadas.

No encontro seguinte, era explícita a sintonia em que ambos estavam. Os amigos desconfiavam que algo seria produtivo daquele encontro de almas tão perdidas que acabavam de se encontrar. Pobre engano... As palavras de carinho e desejo soavam de ambas as partes, mas não foram suficientes para construir nada...

Foram três vezes em que se viram e se deixaram levar pelo sentimento genuíno, verdadeiro, sem filtros. Depois de uma curta viagem, nada voltou ao normal. As palavras de carinho transformaram-se em desencanto, palavras duras e sentimentos banalizados.

Ele só sabia por em jogo as frustrações passadas, não se permitia enxergar as diferenças que uma nova pessoa traria. Mais uma tentativa. Talvez a melhor de todas. Para mim, quem sabe, um dos melhores capítulos da minha história. Só me lembro das risadas, do carinho, da música que tocava, dos sorrisos, o ombro cheio de sardas que eu gostava tanto de apoiar enquanto o beijava....

O fato é que em todas as histórias há conflito. É o conflito o critério número um para uma boa história. E no meu caso, ele só gerou indiferença para ele e mágoas para mim. O fato é que a distância de nada adiantou. Diariamente ela lembra de como conheceu diferentes faces da mesma moeda, diferentes máscaras da mesma pessoa. E, diariamente, eu acredito que por trás de tudo isso haja um coração, que de alguma forma bata por mim...mesmo que seja em uma amizade ingênua e inocente...

Mas mais importante que tudo isso, é o desafio. Pois no dia em que ele revelar quem realmente é, e decidir voltar eu perderei a vontade de jogar o jogo... E feito criança mimada jogarei o tabuleiro longe.




PS: O texto acima não remete a fatos verídicos, são apenas devaneios e sonhos batidos no liquidificador.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Um pouco mais sobre o medo

Eu sempre tive medo de médicos. Nunca de agulhas, só dos médicos. Mas ao mesmo tempo em que tenho medo, confio. Tenho até certa curiosidade a respeito da profissão.


Eu também tenho medo de altura. E não gosto de ambientes muito brancos, eles parecem manicômios.

Pois bem, há alguns dias tive de enfrentar as três fobias juntas.

O consultório fica no 23º andar de um prédio no Canal 3, logo atrás do Clube XV. O elevador demora tanto para subir que já começo a suar frio. 23 andares, sabe-se lá quantos metros de altura. Saio do elevador e me deparo com aquele imenso corredor branco. Meu estômago se embrulha a cada passo.

Apesar de ter medo de médicos, eu adoro consultórios. Gosto das decorações, dos sofás, secretárias...elas fazem de tudo para te deixar à vontade, umas fofas.

Pois bem, depois de toda a burocracia, meu nome é anunciado e entro em uma ante-sala. E de cara está lá, a prova, a minha inimiga, o meu pesadelo: a balança.

A médica pede para que eu tire o sapato. E eu penso "com todo esse corpanzil, o sapato não faz diferença". Mas tudo bem, obedeço. 127 kg, 1,75 de altura. Como se eu não soubesse...

Volto para a sala de espera, em instantes ele vai me chamar e eu torço que ele tenha a solução pra mim.

Eu não estou sozinha, meu pai está comigo o tempo todo, tão ansioso quanto eu. Ele olha a chuva que cai na janela, anda de um lado, tenta conversar, mas percebo que as palavras não saem. Ele sempre me defendeu de tudo. Eu sempre fui a filhinha dele. Mas ele não conseguiu me proteger de mim. Ele bem tentou, avisou, falou, torceu, mas nunca adiantou. Tudo isso passa pela minha cabeça enquanto balanço os pés e como os dedos de ansiedade.

O médico chama! Lá vou eu! Mais uma vez, de novo!

Ele é tão calmo, não percebe que estou aflita? Parece que ele arrasta as palavras, e eu quero saber logo o fim da frase.

Ele desenha, explica, fala e eu balanço a cabeça afirmando. Não consigo nem falar, eu entendo o que ele diz, mas a minha esperança cresce em cada palavra.

A essa altura eu já estou debruçada na mesa, olhando atentamente, raciocinando como será minha vida daqui a alguns meses. Que difícil!

Do que você gosta? De chocolate! Você vai poder comer. Eu quase pulo.

Mas sua doença é grave, mata. Sinto um arrepio na espinha.

Isso vai passar, depende de você. Como se eu não soubesse, tenho espelho em casa.

Mas a resposta é o que me importa. Sim! Você vai conseguir, eu vou te ajudar. É o que eu preciso, ajuda.

Ajuda que vai me fazer lutar contra mim mesma. Que vai me salvar de mim.

Eu vou ter medo de médicos, de altura e de coisas brancas. Mas não vou ter medo do espelho.