sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Um pouco mais sobre o medo

Eu sempre tive medo de médicos. Nunca de agulhas, só dos médicos. Mas ao mesmo tempo em que tenho medo, confio. Tenho até certa curiosidade a respeito da profissão.


Eu também tenho medo de altura. E não gosto de ambientes muito brancos, eles parecem manicômios.

Pois bem, há alguns dias tive de enfrentar as três fobias juntas.

O consultório fica no 23º andar de um prédio no Canal 3, logo atrás do Clube XV. O elevador demora tanto para subir que já começo a suar frio. 23 andares, sabe-se lá quantos metros de altura. Saio do elevador e me deparo com aquele imenso corredor branco. Meu estômago se embrulha a cada passo.

Apesar de ter medo de médicos, eu adoro consultórios. Gosto das decorações, dos sofás, secretárias...elas fazem de tudo para te deixar à vontade, umas fofas.

Pois bem, depois de toda a burocracia, meu nome é anunciado e entro em uma ante-sala. E de cara está lá, a prova, a minha inimiga, o meu pesadelo: a balança.

A médica pede para que eu tire o sapato. E eu penso "com todo esse corpanzil, o sapato não faz diferença". Mas tudo bem, obedeço. 127 kg, 1,75 de altura. Como se eu não soubesse...

Volto para a sala de espera, em instantes ele vai me chamar e eu torço que ele tenha a solução pra mim.

Eu não estou sozinha, meu pai está comigo o tempo todo, tão ansioso quanto eu. Ele olha a chuva que cai na janela, anda de um lado, tenta conversar, mas percebo que as palavras não saem. Ele sempre me defendeu de tudo. Eu sempre fui a filhinha dele. Mas ele não conseguiu me proteger de mim. Ele bem tentou, avisou, falou, torceu, mas nunca adiantou. Tudo isso passa pela minha cabeça enquanto balanço os pés e como os dedos de ansiedade.

O médico chama! Lá vou eu! Mais uma vez, de novo!

Ele é tão calmo, não percebe que estou aflita? Parece que ele arrasta as palavras, e eu quero saber logo o fim da frase.

Ele desenha, explica, fala e eu balanço a cabeça afirmando. Não consigo nem falar, eu entendo o que ele diz, mas a minha esperança cresce em cada palavra.

A essa altura eu já estou debruçada na mesa, olhando atentamente, raciocinando como será minha vida daqui a alguns meses. Que difícil!

Do que você gosta? De chocolate! Você vai poder comer. Eu quase pulo.

Mas sua doença é grave, mata. Sinto um arrepio na espinha.

Isso vai passar, depende de você. Como se eu não soubesse, tenho espelho em casa.

Mas a resposta é o que me importa. Sim! Você vai conseguir, eu vou te ajudar. É o que eu preciso, ajuda.

Ajuda que vai me fazer lutar contra mim mesma. Que vai me salvar de mim.

Eu vou ter medo de médicos, de altura e de coisas brancas. Mas não vou ter medo do espelho.

domingo, fevereiro 06, 2011

Ela sou Eu..e Eu sou Ela

Ela é diferente! Não sabe ficar quieta. Ela não espera, não tem paciência.
É mandona e briguenta. Adora discutir. inimiga do tempo, acelera os ponteiros...
Tem medo do silêncio, pânico da solidão
Gosta de gente, de mimos e paparicos.
Dizem que vive no mundo da Lua e seu olhar é distante...ela sonha acordada.
Dizem também que seus olhos brilham, são olhos de criança ingênua.
Ela é exagerada, não gosta de metades.
Ama demais.
Chora demais.
Odeia demais.
Se preocupa demais.
Ela é inteira amor.
Ela é carinho em forma humana, abraço de amigo e beijo apaixonado...
É inteligente e disfarça...sincera que dói.
Ela não se esconde, ela passa e marca.
Ela é dona do próprio filme.
É o ciúmes, a atenção e a boa vontade.
É boêmia e até preguiçosa, mas é ativa e cansa.
Odeia mentiras e faz da verdade bandeira.
Ela é tudo e não é nada.
Ela sou Eu. E Eu sou Ela