domingo, setembro 27, 2009

O desespero das escolhas

Em 2007, eu estava preenchendo a ficha de inscrição do vestibular. Até aquele momento eu estava extremamente decidida a fazer o curso de direito, e não sei porque cargas d'água eu decidi mudar na última hora e fazer jornalismo.

Até aí tudo bem, meu perfil, segundo os testes vocacionais, poderia perfeitamente se encaixar em qualquer uma das profissões. Hoje em dia, acho que direito seria um pouco chato para mim, acho que estar na rua o tempo todo seja mais empolgante.

Agora, em 2009, estou a caminho do 3º ano do curso de jornalismo e a cada dia eu me desespero mais.

Não que a profissão não seja o que eu esperava, o problema é justamente porque é tudo o que eu esperava e mais um pouco.

Durante a semana passada, estive presente na Semana do Estado, realizada na sede do próprio jornal O Estado de S. Paulo, onde tive a honra e o prazer de ouvir verdadeiros gênios do jornalismo.

Os repórteres que cobriram diferentes editorias, de diversas formas,têm um ponto em comum: a força de vontade.

Para mim, a única coisa que pode fazer com que não desistamos dessa profissão é a força de vontade. Vontade de mudar o mundo, denunciar o que há de errado, e até mesmo valorizar a história de "anônimos" que são tão importantes em nossas vidas.

Enfim, voltando ao meu despero...

Ser jornalista não é só escrever bem (coisa que eu achava que fazia e agora não acho mais), ser jornalista é ser uma enciclopédia ambulante.

Pelo menos é assim que eu vejo alguns profissionais, aqueles que falam inglês, espanhol, francês e quinhentas mil outras línguas e ainda entendem de todos os assuntos, lêem todos os jornais, livros e estão conectados 24 horas por dia na internet.

Eu me desespero porque nao me acho capaz de fazer tudo isso, mal consigo assistir um telejornal inteiro, quem dirá todo o resto.

O fato é que, se eu que estou num curso superior, tendo contato com inúmeros e bons profissionais não me vejo, pelo menos não ainda, como uma pessoa capaz de fazer parte do chamado 4º poder, que influenciará a vida de milhares de brasileiros, como é que alguém sem formação nenhuma será capaz? Se conseguir, parabéns! Porque a cada dia que passa eu admiro mais essa profissão, e ainda mais os profissionais que abdicam de sua vida, de seu tempo com a família, para fazer o bem única e exclusivamente à sociedade.

E o que mais me desespera é ver senador querer censurar jornal em pleno século XXI, senador que faz o caminho inverso ao do jornalista. Senador que abdica da sociedade em favor da família.

Vale lembrar, que quem é jornalista é porque quer, escolhe ter obrigação com a sociedade, senador é escolhido pelo povo, não pode fugir da obrigação, porque também fez sua escolha ao se candidatar.

O meu desespero, afinal, é saber que por mais que os jornalistas lutem contra esse tipo de coisa, o povo não vê, ou finge que não. Não valorizam o trabalho de quem merece, fecha os olhos e vota errado. E o jornalista, de bobo que é, continua querendo abrir os olhos de quem, muitas vezes, só colhe o que planta.